O SIBAPEM, Sinop, Simvep e Sindicordoalha realizaram no último dia 17 de março, reunião extraordinária para falar sobre a situação da matéria-prima no Brasil e da situação política atual. A reunião foi conduzida pelo presidente do Simvep, Manoel Canosa Miguez, que convidou o gerente do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (DECOMTEC), Renato Corona, para falar sobre a questão das matérias-primas.
Corona apresentou o Relatório Matérias-Primas – Oferta na recuperação da Economia. O material, que está na 10ª edição, tem sido utilizado pelo governo na tomada de decisões, segundo o gerente do DECOMTEC. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, tem utilizado o relatório como base para as discussões com a equipe econômica.
De maneira geral ele explicou que a falta de matérias-primas permanece estável. Pesquisa realizada pela Fiesp demonstra que ainda há dificuldade para acesso aos insumos no mercado. Atualmente 10% das empresas alegam falta total de insumos, 25,8% dizem que a disponibilidade está normal e 63,8 dizem que existe um problema relevante. Os preços subiram, em média, no período, 33,7%.
O material apresenta um ranking das matérias-primas de acordo com o grau de dificuldade. Lideram o ranking: resinas plásticas; papelão/embalagens de papelão; aço/produtos do aço; ferro/produtos do ferro.
Corona explicou que houve uma dinâmica muito acelerada de crescimento em “V”. O mercado tinha um determinado ritmo, houve uma queda até o fundo do poço e uma volta rápida. Com essa volta as cadeias ficaram desorganizadas até mesmo em nível mundial. Para agravar a situação aconteceu a valorização do dólar, que alcançou 30,5% em fevereiro/2021 em relação a janeiro/2020. “Se olharem o reajuste da matéria-prima apontada na pesquisa, ele foi de 33%, ou seja, muito próximo. Um impacto muito forte do aumento do dólar no conjunto de matérias-primas.” Ele diz que a má notícia conjuntural é a falta de matéria-prima e o aumento dos preços, mas “talvez tenhamos uma boa notícia na área estrutural, porque o câmbio, como tem estado, talvez ajude a reconstruir boa parte da indústria que se perdeu.”
Concluindo, os elementos que afetaram ou ainda afetam a escassez e os preços de matérias-primas são:
· Redução da demanda no início da pandemia (mar/20, abr/20 e mai/20) que provocou ajuste da produção e redução de estoques.
· Desvalorização cambial: impactou nos preços das matérias primas.
· Retomada da economia chinesa pressionando o mercado mundial.
· Forte retomada em “V” da indústria de transformação a partir de maio/junho-2020.
· Canal de aquisição: para recompor estoques, muitas empresas recorreram a distribuidores, onde fatores imponderáveis entram na formação do preço como porte, adimplência, histórico, regularidade e tamanho dos lotes, entre outros.
· Pode ocorrer, em alguns casos, que determinados distribuidores utilizem de poder de barganha para arbitrar oferta e preços.
· Dependendo do tipo de produto o fluxo de oferta pode não estar regularizado.
Os participantes, dentre eles o presidente do SIBAPEM Carlos Amarante, levantaram a hipótese de ser feita uma coordenação no âmbito da Fiesp para que nos casos de uma ação muito forte de distribuidores estar alterando significativamente os preços, como alguns dos presentes reclamaram e denunciaram, compras pudessem ser feitas em grupo por alguns segmentos com menor poder de barganha. Corona argumentou que, pela experiência dele, tal ação em geral não surte feito por falta de confiança por parte dos próprios cooperados, já que os custos acabam ficando abertos a todos os concorrentes, mas que ele levaria a questão à diretoria da Fiesp.
Após a apresentação sobre matérias-primas, o assessor da Fiesp em Brasília, Marcos Lima, falou um pouco sobre como está a situação política na Capital Federal desde as eleições na Câmara e no Senado. Ele fez um retrospecto dos fatores que marcaram as candidaturas de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, destacando as qualidades de ambos.